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quarta-feira, novembro 19, 2003

"Menino do Rio, calor que provoca arrepio"

Alô galera!
Tudo tri?!

Primeiro o mais importante: hoje é o aniversário da minha Mamã! PARABÉNS, MAMÃE!!!!! Um grande beijinho do filhinho emigrante!

Em segundo lugar, nunca é demais dizê-lo: o Rio de Janeiro é lindo! Cidade Maravilhosa, cheia de encantos mil. Fui lá, no fim-de-semana passado, na companhia do portuga Hugo, gozando da hospitalidade do lado brasileiro da família Vinhas.
Guiado pelos primos, visitei Búzios no Sábado e no Domingo passeei junto à orla costeira do Rio: Barra, Recreio e as praias mais desconhecidas lá no Oeste. Tudo lindíssimo. Os morros do Rio de Janeiro, então, têm qualquer coisa que nos deixa apaixonados. No final do Domingo, rumei ao Pão de Açucar, para ver a vista do miradouro lá do alto. É de perder o fôlego... Não percam mais tempo, peguem um avião e venham ver!

De volta à normalidade, a vida aqui no Rio Grande do Sul, nação gaúcha independente, anda boa. O pior aperto já passou, e estamos em descompressão.
Os planos deste colonizador incluem agora um período de relaxamento-pós-stress... leia-se, uma semaninha de papo p'ró par na Bahia, junto dos portugas que me decidiram acompanhar (os 3!!). Depois disso, poderei ir até ao Carnatal (o Carnaval fora de época, em Natal)... e ainda espero terminar a jornada em Fernando Noronha, uma lindíssima ilha na costa nordeste do Brasil, reserva natural, local privilegiado de mergulho, cheia de tartarugas e golfinhos e dotada de algumas das mais belas praias do mundo... nada mau, hein?
Tudo está ainda por decidir, porque afinal de contas, vim para cá trabalhar, né?

E por decidir está também a minha data de regresso para a terrinha...

E para já, para já, não conto mais nada. Já sabem que podem ler toda a palhaçada no www.blomnoleblon.blogspot.com (ou então esperem pela adaptação cinematográfica)


Abraços, beijinhos e mais beijinhos para a mamã, do aspirante a consumidor de chimarrão,
Nuno

segunda-feira, novembro 03, 2003

Dos anais da Encyclopedya Ylustrada de Darwin, "A mosca"

(escrito em 3 minutos e extraído de "Nuno na Mouraria: B-Sides")

A mosca é um bicho. A mosca é feia e peluda. A mosca voa.
A mosca é, no fundo, um Toni Ramos em vôo na Varig.

Lembro-me de uma professora de Francês que tive... a quem chamávamos "a mosca". Tinha uns óculos gigantes, com umas lentes tipo Hubble. Era impressionante. Não via nada, a mulher.
Caramba, agora que penso nisso... como eu era mau a copiar!
Imaginem-se a controlar uma sala de aula com 30 alunos através de uma garrafa de Sumol. Como é que vão descortinar que alguém está a copiar?!?
Já estou a ver a cena: eu, a suar desalmadamente, as mãos molhadas, jogando a minha mão em direcção à cábula que explicava a conjugação do verbo avoir. A cabeça pensando "je avoe? Tu avoas, ele avoa"... sôfrego... coração batendo em catadupa... Chiça que falta de jeito!! Até um cego via!!!
E a Mosca apanhou-me. A Mosca apanhou-me a usar cábulas...

"Tambay, Warwick e a carica"

(extraído de "Nuno na Mouraria: B-Sides")

Patrick Tambay. Dereck Warick? Alguém conhece?
Os mais radicais amantes de fórmula 1 identificarão vagamente o nome dos condutores da antiga scuderia Renault.
Patrick Tambay nunca ganhou uma corrida. Dereck Warwick tampouco. Nunca passaram de corredores medíocres.

O que muitos poucos sabem - nem mesmo eles - é que os dois tiveram altos momentos de glória.
Na areia do recreio da Escola Primária nº 2 de Linda-a-Velha.

Dereck Warwick era, na verdade, uma carica de Larangina-C, que ganhou o campeonato anual de caricas em 1983
Como todos os grandes heróis de histórias de conquista - incluindo o seu expoente máximo: Daniel Larusso no Karate Kid - a carica Warwick não nasceu para ser vencedora. Fruto de um empregado de mesa mais violento (para além de fruto de uma laranja), Warwick surgiu meio torto para as corridas. A sua forma imperfeita não prenunciava grandes vôos. Recolhida do chão da pastelaria Jacó (onde, obviamente, habitava o papagaio Jacó, mais um cão mau como as cobras), a pequena carica fugiu de um destino certo de reciclagem para o pódium da fórmula 1.
Warwick era inultrapassável. Corria desenfreadamente, a reboque do musculado dedo de Nuno, o líder da scuderia.
Foram tempos de glória para aquela carica cor-de-laranja.

Já Patrick Tambay nunca foi grande coisa. Fica o conselho: a Sprite não faz bons corredores.

quinta-feira, outubro 30, 2003

Bibi sofre de... hmmm... de... bolas esqueci-me...

"Bibi sofre de amnésia"
Numa reviravolta digna de filme hollywoodesco, ficámos de repente a saber que "Bibi" - aquele que não é construtor civil, nem vende o Deco ao Porto - o outro, suspeito de crimes de pedofilia na Casa Pia... sofre de amnésia.

É. Acontece.

Eu próprio padeço do mesmo mal... eh... de... bolas, que mal era esse mesmo?
Caramba...
Esta agora. Quem sou eu?
Olha-me esta... está toda a gente a falar com uma pronúncia estranha. Eheheh... engraçado... parece que vim parar dentro do Sítio do Picapau Amarelo!

Bom, mas divago. Afinal, estava a falar de... de... ah, pois, amnésia!

A amnésia é assim uma espécie de mistura de Aspegic com chave de fendas.
E porquê? Ora, porque dá sempre jeito.
Uma amnésia no bolso dá para todas as ocasiões... Vários exemplos:

exemplo a) "Quem? Esta mocinha desnudada que está debaixo de mim é a sua filha?!? eh... pois eu... eu nunca a tinha visto na vida! Muito prazer, menina!"
exemplo b) "Eu nunca disse que ia trazer o Rui Costa."
exemplo c) "Eu?! Eu nunca disse que íamos ficar juntos para sempre!!"
exemplo d) "Nunca disse que iríamos baixar os impostos depois das eleições. Disse que iríamos baixá-los até 2004."
exemplo e) "Hmmm... pois... querida, eu adorava ficar aqui no casamento da tua Tia, mas a verdade é que não me lembro se desliguei o gás lá em casa..."
exemplo f) "Ooopsss!! EU DISSE QUE AVISAVA!?!?!" (várias interpretações possíveis)
exemplo g) "Eu nunca disse que iríamos baixar os impostos até 2004."

É... dá muito jeito ter amnésia.


terça-feira, outubro 28, 2003

O Corpo Nacional de Escutas

Ando muito preocupado com esta coisa das escutas telefónicas.

Tenho muito medo que o meu telefone esteja sob escuta. A qualquer momento poderei ser preso.

Imaginem o seguinte cenário: estou a combinar encontrar-me com o meu famoso amigo Sérgio no 11º andar das Amoreiras, para irmos almoçar com o amigo Mário Moura, que está de regresso de uma viagem - de avião - de negócios, ao Porto...

No ambiente pouco confortável do escritório, onde toda a gente nos ouve (e por isso não se entra em grandes pormenores), um telefonema a combinar a coisa seria algo do género (já transcrito para a forma standard pêjótica):
N: "Então pá, estás bom pá?" (1)
S: "Vai-se andando, vai-se andando... mas estou um bocado mal daquilo (2) , pá..."
N: "É... foi chato, pá... mas olha, ao menos Bragança já não te faz mais mal!" (3)
S: "Pois é pá, pois é. Mas coitado do gajo... olha, e o Brasil, pá?"
N: "Porreiro, pá. Só gajas, pá... Bom, olha pá... afinal como é que fica aquilo?"
S: "Oh pá, o Mouro está no Porto e vem de avião... O melhor é o tipo bater... no 10º andar das Amoreiras..." (4)
N: "Ok pá, combinado assim... E cuidado, não digas a ninguém, pá!" (5)
S: "Afirmativo... pá"

Notas do redactor:
(1) de acordo com indicações da pj, toda a transcrição de escuta telefónica deve vir pejada de 'pás')
(2) "daquilo" seria provavelmente uma cacetada do amigo Pedro "Bragança", no ultimo jogo de futebol... mas "daquilo" podiam também ser remorsos a propósito do cadáver ensaguentado que Sérgio transporta na sua bagageira...
(3) isto porque Bragança está, infelizmente, lesionado e arredado temporariamente dos jogos
(4) 10º andar, o meu escritório...
(5) leia-se, não convides mais ninguém, para podermos falar à vontade...


A PJ analisa a conversa... e eis que eu e o Sérgio somos uns assassinos impiedosos, com óbvias ligações à rede de prostituição brasileira de Bragança, e planeamos, em conluio com um perigoso muçulmano (Mouro), repetir o atentado de 11 Setembro, desta feita, nas Amoreiras.

É... Cuidado com as escutas telefónicas...

quinta-feira, outubro 23, 2003

"Ida e Volta" ou "O Hobbit"

Não sou muito diferente de um hobbit.
Tal como eles, sou baixinho e gordinho, gosto de comer e dormir, tenho cabelo encaracolado... e pés peludos.
E tal como um deles, enfrentei um dragão muito mau (sim, estou a falar do meu chefe...)
E tal como eles, fiz uma longa viagem e voltei à minha terra (mas ao contrário do personagem do livro, tive que regressar, de novo, a esta montanha solitária).
É, sou um autêntico Bilbo...
E antes ser Bilbo que ser Bimbo...
Embora ser Bimbo não fosse assim tão mau. No fundo, ser bimbo é ser um pão. E as gaijas gostam de um pão.
Olhem, o Brad Pitt, por exemplo. As gaijas dizem que ele é um pão, e todas gostam dele.
Mas por acaso, até já houve uma miuda aqui que disse que eu era parecido com o Brad Pitt... pois... até pode ser... se calhar tenho os pés parecidos com os dele.
Ou seja, o Brad Pitt tem pés peludos.

Bom, mas falemos de coisas bem melhores, que a Laurinda faz vestidos por medida.

Ai, Portugal, Portugal.
Ai, como estava linda a minha terrinha...
Ai, não há nada como a nossa terra...
Ai, já o dizia a Dorothy, enfiada nos sapatos da bruxa má do oeste, com um sotaque brasileiro: "Déires no pleice láique rome, déires no pleice láique rome" (e não, a Dorothy não tinha uma tara por Roma. Os brasileiros é que não sabem mesmo falar inglês. Na verdade, a Dorothy gostava de Florença).


Agora, de novo em Porto Alegre (que é quase, quase, igual a Portalegre, mas com mais gaijas), voltei à labuta. Trabalhar até às tantas, dormir pouco e cedo arguer... dá (cabo da) saúde e faz (a barriga) crescer!
Mas para todos aqueles que se preocupam com o meu bem-estar, descansem!
A vida corre bem!
Tal como o clima na grande nação gaúcha quase-independente, está mais solarenga e agradável. Nem o enorme manancial de mau-feitio do chefe demove esta minha boa disposição.
Espero que a injecção de alto-astral-de-Portugal perdure!

Pouco mais para contar... pelo menos para já.
Desta vez a viagem Portugal-Brasil nem teve show de tias-benzocas-bêbedas-e-viciadas-em-nicoretes...

Beijos, beijinhos e abraços.
Nuno, o hobbit gaúcho

terça-feira, outubro 07, 2003

"De que vale ser bacano, se sou um farrapo humano" ou "A luta desigual contra a depressão em espiral"

06-10-2003 - Porto Alegre

Alô Galera!

O que se esconderá sob este subject enigmático!?
Ah, imagino já os sentimentos nessas cabeças: "Qual será o problema DESTA VEZ?!?! Este tipo nunca estará contente!?!?"
Não. Este tipo nunca está contente.

E passo a dizer porquê:

O meu aniversário avança em passos rápidos. Em breve farei 28. Mais um passo decidido em direcção à famosa barreira psicológica dos trinta. E no meu estilo hollywoodesco de ver as coisas, aos trinta, das três, uma: ou somos uns magníficos engatatões (ver Tom Cruise em Vanilla Sky); ou passámos a ser o tipo estranho dos filmes - o comic sidekick, na gíria - que acaba sempre sozinho e é vítima das piadas mais brejeiras (ver um montão de actores desconhecidos em qualquer comédia romântica); ou então (haja fééééé) somos o misterioso tipo cheio de estilo, que ninguém entende muito bem, que tanto pode estar bem como mal na vida, mas que há de acabar por arranjar uma gaija cheia de pinta (ver John Cusack em Alta Fidelidade). A esperança reside na última...

Chove nesta droga de cidade. Chove, chove, balão chove. Não pára de chover. Chiça. Isto devia ser o Brasil. As ruas deviam estar cheias de garotas de biquini. Bolas.

Os Valentes vão casar e eu não vou estar lá. Vou perder um momento ímpar em que um par passa a ser um. E não vou estar presente no meu palco de preferência - o casamento... segurando os bebés dos colegas da faculdade... mostrando os meus dotes de dançarino... balbuciando incompreensíveis palavras aos pais da noiva... fumando um charuto e cantando a marselhesa face a uma escandalizada plateia de senhoras de idade... oh caramba... que tristeza.

Ah, o meu aniversário, de novo (por sinal, no Dia das Crianças, aqui no Brasil). Ao menos passasse-o junto a vocês. Junto à família querida. Junto às amigas. Junto aos amigos. Não. Suores frios atacam-me durante a noite, pensando em como vou fazer para me tentar enganar no Domingo que vem. Aceito a situação e passo-o sozinho? Combino com os poucos amigos que tenho aqui e tento simular o que seria se estivesse aí? Sniff.

Mais? Ah, o meu chefe, claro. Mas com isso, já vou lidando. Que se... dane (nota do redactor: há pais a ler este e-mail, mantenha-se o nível do vocabulário!)

E sim, há outra razão, claro. Mas essa já é habitual... Já pesa sempre neste meu meio sorriso sempre presente mas às vezes não tão honesto. E toda a gente sabe qual é. Nem vale a pena falar no assunto.

No final, polvilha-se tudo com a minha raiva contra mim próprio, contra a minha falta de segurança, contra este meu maldito ego de vidro, esta minha triste mania de ficar triste.
Alguém atura um farrapo humano, que queixa-se sempre e continuamente do seu azar, das suas úlceras, das suas feições de boxeur, de não ter namorada/esposa/cão/chefe simpático/carreira fulgurante/joelhos!?!?!? (bom, vendo bem... mais vale não ter carreira fulgurante e não ter joelhos; que ter uma carreira fulgurante de joelhos!!)



Mas... CHEGA... querem ouvir coisas boas, querem?
Ontem fui 'no' fenachamp! E o que é o fenachamp, perguntam?
Vá, perguntem!
Se não perguntam não respondo!
Bom, decerto ninguém perguntou, mas eu respondo à mesma: o fenachamp é um evento sócio-cultural-alcoólico. Hein? Passo a explicar: em Garibaldi, cidadezinha de serra a caminho de Gramado, todos os anos, os produtores de champanha do Rio Grande do Sul (Grande Nação Gaúcha Independente!), juntam-se numa feira, abrem stands de champanha, o pessoal vai lá, paga o ingresso, recebe uma taça e depois bebe o que quer ao preço da uva (que no fundo, é o que estamos a comprar). É o FEstival NAcional de CHAMPanha (sim, champanha)!!
Assim, o dia de ontem foi passado a beber champanha. E a comer morangos, porque a uns quilómetrozecos temos o FENAMORA... o FEstival NAcional do MOrango e da Amora.
Pena não haver o FENAGAJA...
O FEstival NAcional da GAlinha e da JAbuticaba, claro!! Que estavam a pensar?

Bom, champanha, dizia eu. Todo o dia a beber champanha, pois foi. Bom, tirando ao almoço, em que bebemos tintol 'liberado'. Mas era uma bela bosta. E como era uma bela bosta, bebemos mais champanha.
O champanha não era nada mau, nada mau. E a companha também era bacana. E por isso bebemos mais champahna.
E no final, foi um belho dia, ohpois foi. Ecomo foi un belgo thia, bubemos más chempenha.
Y com vubemos maaais Esxampanha, olha, icups, aeinda bubeemus muais xanha.

Mais coisas boas? Eh... mais coisas boas... ahn... já vos falei que comi morangos?
Há mais coisas boas. Resmas de coisas boas. Eu é que gosto de lamentar.


E porquê?
Porque odeio Segundas-feiras.
E algumas Segundas-feiras odeio ainda mais que outras.
E porquê que algumas odeio mais que as outras?

Ah, isso não digo...

quinta-feira, setembro 25, 2003

Mas... não tinhamos abolido a escravidão?!

25-09-2003 - Porto Alegre

Aí galera!

Tudo legal?

Aqui o Nuno está cansado... muito cansado. A vida, nas ultimas semanas, tem sido só trabalho e nenhuma farra. De segunda a Sábado das 9h à 1 da manhã, sempre. Só saio no Sábado à tarde, mas mais morto que vivo. E o Domingo, passo-o praticamente a dormir, cinema ou uns copos à tarde (chamam-lhe happy hour) para relaxar, passeio no Parcão para ver as ninfas e... c'est çá.
Por isso não tenho mandado muitas notícias. De facto, não há muito para noticiar... mas vou tentar.

Ah! Transformei-me num trabalhador ilegal! O meu visto expirou (atchim!) e agora tenho que voltar à terrinha para ir buscar o novo! Ainda estavam a pensar em mandar-nos à Argentina, ida-e-volta, num esquema qualquer marado. Graças a Deus deixaram-se disso!!
Ando a torcer para darem o ok ao regresso. Era tão bom.

Estou gordo que nem um texugo. A minha equilibrada dieta - café da manhã no hotel, almoço no shopping, jantar take-away no trabalho - está a dar frutos. Já avancei para o buraco seguinte do meu cinto. Putz.

Ando engripado, o que, como imaginam, ajuda imenso à minha concentração, boa disposição e ânimo! Mas tem a sua piada, lutar contra o sono durante as reuniões. Ontem acho que adormeci mesmo numa... será que alguém reparou?

Este fim-de-semana, finalmente, vamos ter folga! Nada de trabalho no Sábado ou Domingo! Iupi! MAS (chiça, há sempre um mas) por causa do meu estatuto ilegal, estou proibido de voar. Assim, vou aproveitar para conhecer o interior do Rio Grande do sul: Gramado, Bento Gonçalves, etc. Para quem não sabe, é a zona de maior influência norte-europeia. Um verdadeiro viveiro de louras, Giselles Bundchens e suas comparsas.
Ou seja, vou apreciar a vista!

Continuo a abusar do meu estatuto de europeu-que-ganha-em-euros, comprando desmesuradamente DVDs, CDs, roupa e toda a idiotice que bem me apetece. É tudo barato, neste país tropical (lálálálálá). Tropical, o raio que o parta, porque anda a chover e a temperatura média ronda os 20 graus. Bom, ainda é Inverno.

O meu cliente já me propôs emprego, por aqui! Claro que não vou aceitar, mas não deixa de ser engraçado. Entretanto um coleguinha aqui nosso vai ter o seu primeiro filho neste Sábado (ou até mesmo antes, se o néném achar que está na hora de conhecer o mundo). Para verem o estilo do meu chefe, ele não o quer deixar ter direito à semana (legal) a que ele tem direito... e fica zangado sempre que ele vai ao médico com a esposa. É doido.

Mas há o lado bom. Tenho feito bons amigos e (apesar de tudo) estou a gostar.
Mas, para mim, já chega... o tempo passa... tanta coisa vai acontecendo por aí... e eu aqui, longe...

Beijos, beijinhos, apertos, palmadinhas nas costas e abraços para todos vocês. Tudo regado com muito saudade, do gaúcho Nuno

quarta-feira, julho 30, 2003

Voando para Portugal, falando no gerúndio

30-07-2003 - Porto Alegre

Queria só avisar que estarei voando (olha o gerúndio!) para Portugal nesta sexta-feira, dia 1!!
Iupi!!!!!
E depois estarei voltando para o Brasil no Domingo, dia 10...
Ohhhh...

A muito custo consegui tirar estes dias para visitar a terrinha!

Ah... o bacalhau!
Ah... o vinho do Porto!
Ah... os galos de Barcelos!
Ah... passear de burro!
Ah.. as mulheres de bigode!
(sim, é esta a imagem que os brasileiros têm de Portugal...)


Novidades deste lado do oceano...
Bom, o trabalho tem corrido muito bem, já me convidaram para mudar de escritório! Mas só a brincar (só que a brincar, a brincar... eheheh)!
Meanwhile, a minha equipa tem crescido imenso, e até já conta com outro tuga, o grande Hugo Sousa! Ah menino! Vamos colonizar de novo o Brasil!

De resto, cada vez é maior o número de brasileiros que desistem dos flybacks para as terras deles durante o fim-de-semana. Preferem ficar aqui connosco, em Porto Alegre... é que a cidade tem os seus encantos!

Moi, eu tenho andado num ritmo (cansativo) de uma viagem por semana para o Rio de Janeiro ou São Paulo. Tenho trabalhado muito, comido estupidamente (estou na terra do rodízio, para mal dos meus pecados) e divertido p'ra cacete. O pessoal é bem maneiro e muito legal.

Tudo junto, a aventura é bem boa e recomenda-se!

Mas... agora já só quero ir p'ra casa! Ver a mamã, o papá, os maninhos, o Afonso (que é lindo!), todo o resto da família, as amiguinhas, os amiguinhos, a minha casa nova, a casa nova de Sintra... e outras coisas mais! E se possível, queria também ir ao Algarve!!

Vai ser uma semana dificil... Nunca mais é SEXTA!! :D

terça-feira, julho 08, 2003

Pedro, Álvares e Cabral encontram a Sabrina

08-07-2003 - Porto Alegre, pós Rio de Janeiro

No fim-de-semana, fui para o Rio de Janeiro, junto com os compatriotas Hugo Sousa, Rui Simões, António Silva e devida esposa!

Aqui vai um relato das experiências, telegráfico porque o trabalho aperta:
- sexta à noite: chegada ao Rio com bastante atraso. Cansados, fomos jantar a um restaurante mexicano e dar um pézinho de dança na Melt, uma boate pequenina e bem maneira, com muito electro-samba! Dj Patife!! Dj Markie!!

- sábado: enquanto o Simões fazia um tour pelo Rio, Sousa e je moi même fomos às compras ao Shopping da Barra! De seguida, fomos ter com o Toni e sua mocinha. Passeámos pelo centro da cidade, almoçámos num buffet de massas. À tarde, fomos ao Parque das Ruínas, uma mansão abandonada transformada em miradouro, desfrutar da vista. E de seguida, táxi até ao Arpoador, para beber uma água de côco no calçadão, ver um footvolei e passear de Ipanema até ao Leblon. Paragem no Hotel, recolhe-se o Simões e vai tudo jantar ao Sindicato do Chopp em Copacabana... comer uma picanha divinal, do tamanho de uma vaca inteira, por um preço absurdamente... BARATO! Estômago cheio, regresso ao hotel para descansar e ganhar coragem para a noite... mas o cansaço vence... e então Nuno e Sousa decidem dar mais um saltinho na Melt... onde se babam diante das ritmadas, baixinhas, morenas e gostosas cariocas!!!

- domingo: descansados e prontos para a aventura, os 3 estarolas rumam à praia da Barra, para o quiosque do Pepê... o mais famoso da Barra da Tijuca, local de paragem de actores, modelos e demais famosos. Os 3 portugas alugam umas cadeiras, de frente para o mar... e 10 minutos depois, chega a equipa de filmagens do Fantástico, o programa da TV Globo!!!! Objectivo: sondar a receptividade do pessoal sobre o novo biquini que deixa o bum-bum à mostra!!!!! Os portugas analisam, mandam piadas, e informam a reporter que só vendo é que vai dar para avaliar!!! E a repórter sai em busca de um modelo... regressando minutos depois com.... SABRINA, uma vedeta no Brasil, modelo e participante no Big Brother!!! (não, nada disto é tanga!!!) Os portugas ficam doidos, tiram fotos com a gata e tentam-na convencer a vestir o biquini! Ela, tímida, recusa... e eis que um moleque grita: "Vergonha? De quê? Você surgiu pelada na playboy!!" LINDO!! Ah... depois, almoço na Républica, à beira-mar, toda feijoada e camarão que conseguimos comer, caipirinha, whiski... pelo preço aburdamente caro de... sei lá, 60 reais?!?! 3 contos e 600!!! AAHHAHAHAHAH! Segue-se mais praia, mais torcicolos no pescoço e de seguida, rumo ao Maracanã, ver o jogo do Flu! Péssimo jogo, lindo espectáculo. E termina a aventura na pizzaria à porta do hotel, no Leblon. Antes, ainda esperamos para ver a nossa prestação no Fantástico... 2 segundos de fama, na televisão nacional, para 170 milhões de pessoas!! :D

E no dia seguinte, todo o mundo comenta que viu a Sabrina no Fantástico!!! E nós estávamos lá!! :D

Ah... vida dura no Brasil...

quarta-feira, julho 02, 2003

O tubarão e o peixe piloto

02-07-2003 - Porto Alegre

A vida vai melhorando, aqui no grande estado do Rio Grande do Sul. Já estou mais à vontade no projecto (oops!)... no projeto, apesar de ainda apanhar muitos bonés...
Ontem lá conseguimos sair cedo - às 22 horas!! Aproveitámos e fomos na calçada da fama, o sítio (oops de novo... sítio é uma quinta)... local que está na moda aqui em Porto Alegre. É um bairro pequenino, bem pertinho do meu hotel (2 quadras!), onde tem bistrô, chopperia e pub... ah, e tem resmas e resmas de gaúchas lourinhas!!
Lá fui atrás do Renato, "o tubarão", armado em peixe-piloto! Renato, "o Tubarão", deve o seu nome à forma como ataca sem piedade a vítima indefesa. Predador dos mares... eh... dos bares, Renato tem uma lata do tamanho de São Paulo! Sentámos numa mesinha e passado 5 minutos, o Tubarão já estava metendo conversa com 2 gaúchinhas que fariam sucesso na capa da Maxmen! O cara tem jeito! Foi engraçado... mas sem malícia, sem malícia!! (não, Mamãe... descansa que AINDA não tens nora!! ihihih)

Mais coisas... na segunda fui a São Paulo... e graças a Deus voltei nesse mesmo dia. São Paulo é assim uma espécie de casa de banho de estádio de futebol... mete nojo, e só se vai lá ir mesmo quando é preciso! É sujo, feio, inseguro, gigantesco e caótico. Muito medo!

Agora na Sexta vou para o Rio de Janeiro, e volto na Segunda. Tenho que tratar de umas coisas na Polícia Federal... a maldita Fátima Felgueira, chibou-se!! Não, a sério, tenho de ir tratar da aprovação do meu visto, antes que seja preso.
Como lá no Rio vão estar coleguinhas portugas, do projecto de Brasília, vai haver animação! Baronete e Nuth, as boates da moda, esperam por nós! :)

Bom, agora vou trabalhar... Viemos agora do almoço na companhia das pizzas... rodízio de pizza, com saladas e bebidas à descrição, por 9 reais... sim, isso mesmo, 60*9 = 540 escudos!!! E ontem fui comprar uns cds (Tribalistas, Skank) e uns dvds (o ultimo dos moicanos) por 1 conto e 200 cada!!

Viva o Euro! Viva o poder aquisitivo!

quinta-feira, junho 19, 2003

Afinal o Inverno no Leblon até é quentinho!

19-06-2003 - Rio de Janeiro

CHEGUEI!! P'rá conquistá o mundo!!!
Oi minha gente! Cá estou eu no Rio de Janeiro!! Para já ainda só fui dar uma voltinha no calçadão, até Ipanema e voltar.

Deixo-vos com as minhas primeiras impressões:
- a cidade é, de facto, maravilhosa! É uma mistura linda... o clima, as pessoas, as árvores - enormes! - que irrompem de dentro dos passeios, os morros, a praia, o mar... tudo...
- os morros são ENORMES! Não tinha noção! Qual colinas de Lisboa, qual quê... os morros são montanhas gigantes que circundam o centro da cidade... lindos!
- está calor! E húmido!
- é perfeitamente ridiculo o jeito que os gajos têm para dar toques na praia...
- a percentagem de homens de tanga deve rondar os 90%! Medo!
- o meu hotel é um hotel de negócios. Não fica na primeira fila e por isso não tenho vista para o mar! :(
- em compensação, tenho vista para o morro, para a piscina do hotel (ridicula) e para o ginásio de malhação do outro lado da rua! Menos mau! :)
- estou completamente sozinho. Não sei do gerente português que devia estar cá... anda incontactável.
- o mito já caiu. Ao fim de 12 horas no Brasil, ainda não fui assediado...

E é isto.
Domingo parto para Porto Alegre... (já agora, sabiam que Porto Alegre é a cidade-natal da Giselle Bundchen? E que o Estado do Rio Grande do Sul é o maior 'produtor' de modelos brasileiras?!?!)
Agora vou saír para almoçar e... vou para a praia!! :)

Beijinhos e abraços!
E parabéns e muitas felicidades para o casal Abreu! ;)

Nuno, no Rio.

quarta-feira, junho 18, 2003

Partida

18-06-2003 - Lisboa

Parto para o Brasil.

Na bagagem, montes de roupa para o frio de Porto Alegre, menos roupa para o calor do Rio. Sei lá o que vou encontrar. Nem sei se tenho hotel. A combinação foi toda uma bagunça, ninguém sabia quem era responsável pelo quê.

Ainda, na bagagem, vai muita esperança. De viver uma oportunidade única. De aproveitar o tempo que lá vou estar. E ao lado da esperança... medo. De me dar mal. De ficar sozinho. Medo do desconhecido.

Desejem-me sorte.

segunda-feira, dezembro 02, 2002

"Notícia de ultima hora"

02-12-2002 - Via láctea

Notícia de ultima hora!

Um jovem português foi recentemente notícia junto da comunidade médica internacional. Este jovem, há muito rotulado como mentalmente instável, sofre de uma apetência sexual por crustáceos e outros mariscos vivos (muito embora haja rumores de experiências necrófagas com ostras, nada ficou provado).

O espanto da comunidade médica internacional surgiu quando o jovem, num acto de puro desespero carnal, molestou uma lagosta vinda da zona costeira junto à Galiza.

Ora, dado o recente acidente com o petroleiro Prestige, a lagosta encontrava-se coberta e cheia de petróleo nas partes intímas...

Mas nada parou o ímpeto sexual deste autêntico Bibi dos frutos do mar. Após o acto sexual, qual foi o seu espanto quando verificou que o seu pénis estava coberto de uma espessa camada de alcatrão. O jovem e a lagosta foram imediatamente hospitalizados.

Todos os esforços para a remoção do crude foram, até agora, infrutiferos.

A Pfizer, líder mundial no mercado farmacêutico de remoção de derivados de petróleo de pénis, aceitou dar refúgio ao vitimado, estando actualmente a realizar estudos junto do individuo. O sujeito encontra-se internado."


in "Espesso"

sexta-feira, novembro 22, 2002

"O meu recibo de vencimento" e outras histórias de encantar

22-11-2002 - Lisboa, adega Onivai

Em directo do meio da ázafama brutal da oh-no-way, decidi mandar mais uma crónica...
Não está muito inspirada, mas é o que se arranja nestes dias cinzentos...
Ora então vou começar a escalpelizar o meu recibo de vencimento...

Sabem, dentro daquele pequenino rectângulo azul está um manancial de informação imenso. Na verdade, uma leitura atenta daquela folhita permite-nos saber com toda a exactidão o perfil de uma pessoa: se é bem sucedido na vida, se está bem de saúde, o equilíbrio vida pessoal/trabalho, os hábitos alimentares... e muito mais!

Ora vejam:

- o vencimento diz-nos quanto ganhamos. Comparando com a data de entrada na firma e se possivel, com a data de nascimento, aquilatamos o nosso sucesso profissional. Esta é fácil...

- pelos impostos e retenção na fonte, sabemos quanto dinheiro damos à nossa polícia secreta para proteger o Paulo Portas, esse santo, das inúmeras tentativas de assassinato de que ele é vítima. (ai... esse lobby da produção de armas em Portugal... e a máfia ucraniana de empresa de sondagens? Cuidado com eles!)

- Os descontos para o seguro de saúde e as faltas justificadas por doença são indicativos do estado de saúde. Aqui se apanham os mentirosos e os coxos...

- Os hábitos alimentares estão patentes no subsídio de alimentação! Eu, por exemplo, ganho à volta de €4 por dia de trabalho... assim, é facil concluir que o meu pequeno-almoço é constituido por um galão normal e uma carcaça com manteiga flora; o meu almoço consiste numa sandes de molho (leia-se: uma sandes 'molhada' na frigideira que serve para os bifes), uma 'mine' e um pacote pequeno de batatas pála-pála... e o meu lanche... bem, já só pode ser uma fatia de melancia trazida de casa!

- O equilíbrio vida pessoal/trabalho aparece como resultado das horas extraordinárias ganhas... quando pagas, claro... muito embora eu ache bem que não me paguem horas extraordinárias... se não tenho vida pessoal, porquê que haviam de lhe dar valor? Racionalidade económica, acima de tudo!!

- e ainda há aquele item... a isenção do horário de trabalho... o meu favorito. Que raio de coisa é "isenção de horário de trabalho"? Será que com este subsídio eu fico isento de horário de trabalho? E se isento de horário de trabalho, fico isento de trabalho? Será que me estão a pagar para não trabalhar? A verdade é que eu levo isto muito a sério... e faço mesmo um enorme esforço para ficar isento de trabalho. Senão ainda me tiram o subsídio!!

sexta-feira, outubro 18, 2002

"Crónica da Bosta - Tomo II"

18-10-2002 - Lisboa, masmorras da Onivai

Há muito que queria escrever isto. As crónicas da bosta, Tomo II, há muito que me enchem o espírito. Mas não tenho tido coragem... é material 'pesado'... bolinha no canto superior direito, estão a ver? (estão mesmo?!?)
Mas hoje enchi-me de coragem. Há coisas que têm de ser contadas. A AMI tem de saber isto. É um ultraje aos direitos humanos!!

Bom, como alguns já sabem, o cúbiculo-ridiculo-também-denonimado-wc da Oniway é servido por um micro-clima, onde existem espécies animais e vegetais únicas. Este facto deve-se às singulares características de humidade, temperatura, cheiro e nutrimento existentes no local.
De entre as espécies todas, no topo da cadeia alimentar deste eco-sistema está o HOMEM-NOJO!
O homem-nojo é um misterioso ser de quem apenas existem relatos confusos. Uns dizem que é um ser humano com feições hediondas... outros afirmam que é semelhante a uma ratazana gigante... mas a maior parte dos que o avistaram juram que é igualzinho ao Durão Barroso...
Certo, certo é que, conquanto não seja avistado, o rastro deste animal é perfeitamente visivel. E é sobre isso que vou falar.

Pois que acontece que, quando o homem-nojo invade a casa-de-banho... assina a sua presença... espetando um valente e esverdeado macacão na parede do cubiculo!!!
Sim.
Não minto.

E como as senhoras da limpeza da casa-de-banho devem ter medo da criatura, deixam os presentes na parede. E eles vão-se acumulando, acumulando, acumulando... cobrindo aquelas paredes brancas de pequenos pontos verdes... por vezes com nuances castanhas... pretas... 'é azul que vejo ali??'... ou ainda, um pelito fugidio agarrado à ranhosa cacofonia... uns mais sólidos, outros mais líquidos... uma delícia, meus caros, uma delícia!

Eu, pobre frequentador do cubiculo, fico hipnotizado a olhar para aquilo... que arte, que complexidade, que mistério... A vida animal faz mesmo coisas muito belas.

Mais ainda: no outro dia, para minha grande felicidade, fomos ainda contemplados com uma unha espetada na parede! Por certo obra do Nojo... que maravilhosa descoberta!

Mas a situação deve ter chegado aos ouvidos da National Geographic, pois no dia seguinte à chegada da unhaca, tudo tinha desaparecido! Para investigação, certamente.
De então para cá, o homem nojo tem-se refreado. Deve andar desconfiado... nem um macaquinho, nem uma unhita, nem um pedacito de cera, nem nada.

A vida não tem sido a mesma.
Eu avisei. A AMI tem de ser alertada. Há que defender o HOMEM-NOJO!!!

quarta-feira, outubro 16, 2002

"Crónica da Bosta - Tomo I"

16-10-2002 - Lisboa, cave da Onivai

Haverá coisa mais degradante que estar num projecto cheio de miudas giras e ter que utilizar uma casa de banho que fica mesmo ao lado da delas, separada por uma parede que parece feita de cartão?!?!

Ora vejam só: um homem está aqui a dar-lhe forte e feio, a bulir que nem um porco... até que, sem pré-aviso, lhe dá uma dor! Daquelas vontades que não dá para aguentar, sabem? Um tipo ainda tenta sentar-se de lado, beber uma águinha, apertar o estômago... mas nada feito. E em busca da salvação, antes que seja tarde e algo indesejado aconteça, avança para a wc.
Senta-se no trono e prepara-se para relaxar... mas eis que soam os passos na casa de banho ao lado! Tão altos, parece que estão mesmo ao seu lado... e de facto estão! Pois fisicamente, as duas sanitas não devem estar separadas por mais de um metro...
Ou seja, curto e grosso: está a cagar ao lado de uma colega! Aaargh... a agonia.

E então, o maldito almoço faz das suas. Cólica atrás de cólica, o som troveja pelo interior do cagador. Avança, em soluços, trôpego mas seguro, intestino a fora, em direcção ao traseiro, de onde sairá para a água barrenta da sanita, por onde viajará tubo a fora para se tornar sustento de sardinhas, baleias e colega de banhos dos pretos na praia de Carcavelos.
Mas... e a colega ao lado? A colega de cagação?! Meu Deus, ai se o trovão soa! Desesperado, no silêncio da casa de banho, ele tenta travar o avanço imparável da massa consistente... e na ânsia, na pujança e na ganância lança um suspiro de alívio...
UFA!!
OOPS!!
UM SUSPIRO DE ALÍVIO NUMA CASA DE BANHO EM SILÊNCIO SOA MAIS ALTO QUE UM AVIÃO A DESCOLAR!!!
Mas pronto, menos mau. Ao menos não foi o temível som-zundap.

Assim correm segundos, minutos. Uma eternidade de pequenas descargas controladas, em silêncio, em sofrimento, em esforço.
No final, o homem, elevado à categoria de herói, limpa o rabiosque, lava as mãozinhas e sai em êxtase da casa de banho.

E é então que, lá fora, cruza-se com a colega, também ela a sair da sua casa de banho... Colega jeitosa, daquela que alegra os cinzentos dias de trabalho.
O silêncio.
O incómodo silêncio.
O embaraço.
A vergonha.
Anos de trabalho, a criar uma imagem cool, dezenas de contos em camisas Ralph Lauren, centenas de contos em fatos de marca, um Audi A3. E uma ida à casa de banho rebenta com tudo. Um suspiro. Um splash na água.

Oh merda, porque é que não fazem casas de banho mais separadas?

(nota do redactor: Esta obra é pura ficção. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência)

sexta-feira, março 15, 2002

Resposta ao artigo "Um Erro", de Vasco Pulido Valente


Vasco Pulido Valente é o Rei Mago do Miserabilismo-fúnebre. No artigo "Um Erro" - que transcrevo em baixo - o Vasco irrita-me. Irrita-me muito.
O Vasco não gosta de Portugal.
Se Vasco Pulido Valente acha que vive no "terceiro mundo" deve ser porque se considera um selvagem. Eu acho que vivo num país desenvolvido (e não em vias de desenvolvimento) com uma verdadeira democracia jovem (26 aninhos, a minha idade), que esbraceja para sair da cauda da Europa para onde foi lançado, primeiro por uma Monarquia ultrapassada no final do século XIX, depois por uma Republica ainda jovem, seguida de uma Ditadura que escondeu o país na arca frigorí­fica e lhe negou o que realmente interessa: a liberdade, que promove o desenvolvimento intelectual e consequentemente o espírito de iniciativa. Quando o pobre país saiu da arca, continuava a ser uma Republica jovem, mas atrasada 50 anos face aos seus companheiros de escola... Revoltado, meteu-se em caminhos pouco aconselháveis (mas afinal de contas, isso é normal nos adolescentes).
Agora, já homenzinho, Portugal tenta trabalhar para ter uma casa melhor, para melhorar a sua qualidade de vida e para ser bem visto perto dos seus pares... Mas para tal tem de lutar contra veteranos de 50 anos, com uma experiência muito superior à sua e com fortunas acumuladas ao longo dos 50 anos (e não as parcas economias que os seus pais lhe deixaram, escondidas debaixo do colchão).

Será que acredito no jovem país adulto?
Claro que sim!
Porque é saudável e tem estaleca.
Porque, quando espicaçado, surpreende tudo e todos com a sua capacidade de execução e desenrascanço.
Porque pode não saber regras de etiqueta, mas como é bonacheirão e simpático, todos gostam dele quando o conhecem.


Sou um nacionalista confesso.
Sou um defensor da iniciativa privada.
Sou um adepto do estado de segurança social.
Sou um defensor dos direitos dos mais oprimidos.


Há tempos perguntava-se: "Portugal, que futuro?"
Respondo: Um futuro risonho. Com o trabalho e a esperança de todos.


Abaixo o bota-abaixo!!



"Um Erro

Gente indignada escreve nos jornais que esta campanha parece uma campanha do "terceiro mundo" - que Portugal parece um país do "terceiro mundo". Há, aqui, um pequeno erro.

Portugal é, foi e será (pelo menos, no futuro próximo) um país do "terceiro mundo".
Desde a independência do Brasil que se tornou internacionalmente irrelevante.

Só conseguiu instalar um regime liberal, estável e pací­fico, ao fim de trinta anos de balbúrdia e já a meio do século XIX.
Não teve uma revolução industrial e preservou, por isso, uma cultura camponesa, ainda hoje visível no tí­pico empresário indígena, ou, por exemplo, em hábitos quase universais, como o de ignorar o moderno mecanismo chamado "relógio".

Como se isto não bastasse, no começo do século XX, Portugal proclamou também uma república e aturou quinze anos de terror jacobino. Donde saiu, presumivelmente consolado, para uma ditadura de quarenta e oito anos que odiava a mudança e acabou por se meter numa guerra imperial, interminável e, obviamente, inútil, quando o imperialismo clássico já não existia.

Para compensar este mau passo, veio logo outra "revolução", que se julgava marxista-leninista e se aplicou com método a desorganizar o Estado, a economia e a sociedade: um belo trabalhinho, que levou uma geração a desfazer.

Quanto à legitimidade do poder, a primeira eleição honesta foi em 1975 e Portugal viveu sob tutela militar até 1982. Os cavalheiros da política e do futebol - e as suas presentes zaragatas - não destoam desta edificante história.
Claro que nenhum deles nasceu nas selvas da Guiné, ou da Colômbia, e alguns deles chegaram mesmo a ir à escola. Mas não nos devemos distrair com esses pormenores: por baixo, está sempre o aldeão do "quarto" ou "quinto mundo", a tratar da vidinha: do seu clube, ou dos seus votos.

(Vasco Pulido Valente - in Diário de Notícias"

terça-feira, outubro 23, 2001

Comentário hiper-gratuito das 9h46m de Terça Feira

23-10-2001 - Carnaxide

O Abreu gosta de meter pepinos no cu

quarta-feira, outubro 25, 2000

"O dia em que que escrevi ao João Querido Manha... e ele respondeu..."

-----Original Message-----
From: João Manha [mailto:jmanha@record.pt]
Sent: 25 October 2000 16:11
To: Nuno
Subject: Re: Carta ao Sr. João Querido Manha


Caro senhor,
Os meus cumprimentos.
Obrigado pela mensagem. Respeito a sua opinião, lamentando somente não ter conseguido fazer-me entender. Obrigado pela S/ atenção e preferência. Cumprimentos.

João Q. Manha
Record


----- Mensagem original -----
De: Nuno
Para:
Enviado: Quarta-feira, 25 de Outubro de 2000 12:37
Assunto: Carta ao Sr. João Querido Manha


O Sr. João Querido Manha, na análises ao momento eleitoral do Sport Lisboa Benfica, tem tido um comportamento pouco digno.

Em primeiro lugar, não tem tido imparcialidade no juízo dos candidatos à presidência.
Logo à partida, chamando ao Dr. Manuel Vilarinho "o candidato" e ao Dr. Vale e Azevedo "o titular".
Lembro-lhe que ambos são candidatos e devem ser vistos como tal.
A forma como o Dr. Vale e Azevedo criticou o Dr. Vilarinho no debate da RTP1, afirmando "lá está você a criticar o Presidente do Benfica" não devia ter passado impune pelos moderadores do debate. O Dr. Vale e Azevedo encontrava-se naquele debate como o candidato da Lista A e nada mais que isso! Infelizmente pensa que ele e o presidente são a mesma coisa, o que é falso. Vale e Azevedo será apenas mais um na longa lista de presidentes do clube e o seu nome não estará escrito em letras de ouro - os resultados a isso condenam.

Em segundo lugar, afirma V.Exa. que a Manuel Vilarinho "Bastar-lhe-ia conseguir sublimar com provas as acusações que ao longo de dois anos foram atiradas pela maioria dos seus apoiantes mais notórios contra a figura presidencial. " e as eleições estariam ganhas. Pois bem, ontem o fax do Manchester United é uma arma poderosíssima da lista B, o seu valor é impressionante pois manda abaixo por completo a credibilidade da solução financeira de Vale e Azevedo! O Sr. João Querido Manha não relembra hoje este "pormenor", o Record menciona isto numa única página, não há qualquer investigação jornalística para saber afinal de contas o que é o Altium...

Refere que o trabalho do Dr. Vale e Azevedo até hoje (qual trabalho?!) só foi conseguido graças a "muita credibilidade"... onde, Sr. Manha? Credibilidade? Acredite que o SLB não dispõe hoje de crédito em nenhuma instituição financeira portuguesa! Mas caso o Dr. Vilarinho ganhe, já um banco se pôs ao lado deste, como parceiro. O problema não está, pois, na instituição, mas sim no Dr. Vale e Azevedo.

Mas fala V. Exa. em credibilidade... Diz V. Exa hoje: "Vilarinho a fazer uma caracterização arrogante e perigosa das pessoas a quem era suposto estar a pedir os votos: "70 por cento dos benfiquistas estão em tascas!". Francamente, Sr. Manha, que volta que deu ao texto! O Dr. Vale e Azevedo tinha acabado de descer ao mais baixo nível do debate, difamando o seu adersário com a afirmação que "você está muito habituado a estar em tascas" (!), a que o Dr. Vilarinho contrapõe com a frase que V. Exa. transcreve. Frase que é completamente verdade e não é perigosa nem arrogante! Eu não me considero alcoólico, não vivo mal, sou formado e ganho bastante bem e vou a tascas com todo o prazer e, a seguir ao Estádio da Luz, é onde mais gosto de ver futebol.

Entristece-me ver um importante jornalista de um orgão de informação que julgava eu isento a tomar tão denunciadamente um partido.

Parece-me a mim que V. Exa. e o Record apostaram claramente no «cavalo» chamado Vale e Azevedo, esperando vir a ganhar algo, caso lhe sorria a vitória... a mim, sócio benfiquista, atento e defensor de valores como a honestidade e transparência, resta-me a esperança de que se tenha enganado.

Espero que os benfiquistas votem bem.

Saudações cordiais,
Nuno

terça-feira, agosto 29, 2000

"Ai que canseira..."

Bom, são 10 da manhã e começa mais um dia de fatigante trabalho no mail da Velhis.

Hoje os planos de trabalho são:

. 9h15m - entrada
. 9h15m a 9h35m - conversa
. 9h35m a 10h - pequeno almoço na pastelaria Aquarius
. 10h a 10h30m - mails sortidos
. 10h30m a 11h - tentativa frustrada de execução de um CBT (formação online).
. 11h - Paragem para paleio. Mails
. 11h a 12h - tentativa ainda mais frustrada de execução de um CBT (formação online).
. 12h a 12h30m - Paleio. Mais mails.
. 12h30m a 14h - Almoço. A hora de finalização poderá ser adiada.
. 14h a 18h - actividades livres. Mails, conversa, simulação de CBT, coça q.b.
. 18h - saída.

Um dia em cheio para um jovem dinâmico.

quarta-feira, maio 03, 2000

"Crónica da Vida do Desiludido"

O DESILUDIDO e o OTARIO coexistem no mesmo habitat, na Savana Circular. Mas enquanto o OTARIO está em vias de extinção, o DESILUDIDO sobrevive ainda em grandes números, muito embora cada vez se escondam mais. O inimigo comum do DESILUDIDO e do OTARIO é o MAFIOSO, originário de uma pequena região a Norte da Savana, muito embora hajam outras pequenas comunidades, perto de Viseu e Oeiras, nomeadamente. Os MAFIOSOS deslocam-se periodicamente, em bando, para o Sul, em busca da carne tenra das outras 2 espécies. No entanto, a evolução, essa coisa maravilhosa, tem criado nos DESILUDIDOS e nos OTARIOS mecanismos de defesa contra o seu inimigo, que lhe provocam graves azias e indisposições.

No último ano, registou-se um notável aumento do número de OTARIOS. A teoria mais defendida é que grandes grupos se encontravam em hibernação, tendo despertado devido aos gritos de raiva dos MAFIOSOS e aos cada vez mais audíveis lamentos dos DESILUDIDOS. Aparentemente terá também havido um cruzamento entre o OTARIO e o SAPO, pois tem-se registado no primeiro uma tendência nunca antes registada para inchar aquando da presença de outras espécies.

A Redpeace está a pôr em prática um conjunto de medidas para recuperar os DESILUDIDOS para o seu habitat natural. Os DESILUDIDOS têm sido afectados por uma terrível doença, a AZEVEDITE, que enfraquece a espécie ano após ano. Parece ser uma mutação do virus DAMASICUS, que por sua vez tinha origem num outro virus da espécie OTARIO, a CINTROSE. A AZEVEDITE é facilmente diagnosticada pelas dores terríveis no cotovelo.


in National Geographic.

"Crónica da vida do Otário"

Transcrição de um texto de Dário Moura

O OTARIO é um animal em vias de extinção... contudo ultimamante parece que esse risco está a desaparecer.
O OTARIO é um bicho que se deita ás 6:00 da manhã a fazer os IRS dos amigos/Clientes que a unica coisa que lhe dão é um saco de plástico cheio de papeis sujos para que o OTARIO se desenrasque.

Num belo dia, o OTARIO estava no seu escritorio, às 9h da manhã, cheio de trabalhinho. Aí o OTARIO pensou (coisa muito rara) "Se calhar vou ao estádio de Alvalade comprar o meu bilhete de Sócio".
E assim foi.

Eram 10:30 da manha o OTARIO passa por uma bicha que já ultrapassava o viaduto de Telheiras e pensa "isto deve ser a Bicha para os não sócios"...
Quando chegou ás bilheteiras assim era.

O OTARIO viu outra bicha e perguntou "Companheiro OTARIO esta é a bicha dos OTARIOS dos Sócios??"
Ao que o outro OTARIO respondeu "SIM, mas começa lá ao fundo!"
E o OTARIO la foi até ao fim da Bicha...

Esta terminava junto á entrada do topo Norte qualquer coisa com 1/4 do estadio. Então o Otario pensou "Bem... vou perder umas duas horitas aqui... que se lixe!"
Eram 11:00.

As 12:00 o OTARIO tinha andando uns 10 metros e pensou "Bem a continuar assim vou-me embora..."

Contudo o OTARIO estava em convivio com seus semelhantes, o que o fazia sentir bem...

13:00 - o OTARIO andou mais 10 metros e ainda nem via a central. Foi então que, às 13:30, a namorada do OTARIO lhe levou uma sandocha de presunto, um pacote de batatas fritas e um sumol... Que belo repasto! E então o OTARIO pensou "Bem já esperei este tempo todo ja agora espero mais um pouquinho"

14:00 - o OTARIO PENSA "F#$@-se.... esta m$%##a não anda nada, c#$lh%&o... vou-me embroa... mas... ca#$%l$h#o, ja aqui estou a 3 Horas e agora vou- embora?! Espero mais um bocado!"

15:00 - o OTARIO continuava na bicha e ja so estava a 10 metros da central "Bem ja que aqui estou... isto agora deve ser mais rápido"

16:00 - O OTARIO chega a cental... "Sou mesmo estupido... estou aqui a 5 horas... estupido..."

17:00 - o OTARIO andou mais 2 metros na ultima hora... "ai ... não estou a gostar nada disto... vou bazar... mas também estou aqui a 6 horas e agora agora vou bazar? Não, espero mais um bocado..." e assim foi...

18:00 - O OTARIO estava a 10 metros da bilheteira... gritava palavra de ordem contra os menos OTARIOS que passavam à frente da bicha.... mas agora um fantasma pairava no ar... depois de tantas horas de espera as bilheteiras fechavam às 19:00

19:00 - o OTARIO andou mais 3 metros na ultima hora... o suspense mantinha-se... "será que aqueles c#$&ões vao fechar isto?!"... ainda faltavam uns 6 metros... mas agora com uma novidade... estavam todos os OTARIOS juntinhos... bem apertadinhos uns contra os outros... entre duas grades...a cheirar o sovaco uns dos outros...

19:30 - As bilheteiras fecham.... instala-se o caos... os OTARIOS juntos desde as 11:00 começam a gritar "palhaços... ca#£ões... andam a gozar com esta m€%#a... abram essa m*%&a, seus c#$õ"@es.... sou eu que vos pago o vosso ordenado, seus c"@%s..."

20:00 - As bilheteiras reabrem.... os OTARIOS encurralados que nem bichos (que são) desesperam por um bilhete.... mas nunca mais chegava a hora... entre desmaios... más disposições ... o nosso OTARIO lá se mantinha todo engravatado... vestidinho a rigor...

21:00 - CHEGOU A HORA DO NOSSO OTARIO... LA COMPROU O SEU BILHETINHO...

POR FAVOR NÃO GOZEM COM OS OTARIOS.... ELES SÃO NOSSOS AMIGOS.... ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM....

DÁRIO

terça-feira, fevereiro 01, 2000

Gaijas

Mulheres. Vá-se lá entendê-las.
Lembro-me de ter 17 anos e sofrer a minha 'primeira grande tampa'. Foi a Bárbara, a maldita, a culpada. É um bocado parvo contar pormenores intímos da nossa vida pessoal na internet, mas... bolas, que se lixe. Até pode ser que algum psicólogo leia isto e decida-me ajudar. Ou melhor, uma psicóloga... jovem, firme, baixinha e concentradinha... hmmm...

Foco. Foco.

Ok, vamos lá. A Bárbara... a maldita... Eu não tive culpa, sabem? A Bárbara era gira. E mais velha. E baixinha e concentradinha (alguém está a reparar no padrão?)... deixem-me contar tudo, desde o início...
Eu tinha feito os primeiros anos da faculdade na Escola Secundária do Restelo, um antro de benzocas e futuras-tias, que só ligavam à roupa de marca, à cilindrada das motas, à noite passada no Bananas e ao 'Diogo, que era um pão e tinha 1 metro e oitenta'. Chiça... eu não tinha roupa de marca, andava de autocarro (e logo na Vimeca, a Viação Mecânica de Carnaxide - a mais putrefacta e anti-estilosa carreira de autocarros do mundo!), não saía à noite (caramba, tinha 14 anos!!), era magro, baixinho e tinha um cabelo estranho. Ou seja, a minha passagem pelo Restelo foi um autêntico ZERO em termos de namoradas.
(Bom, houve aquela conversa com a Joana... mas isso acho que foi um sonho... e fica para outra oportunidade)

E então, no 10º ano, eu e um grupo de amigos fomos para a Escola Secundária Ferreira Borges! Um novo mundo, novas miúdas, novo território... Parecíamos os colonos americanos, em busca da terra prometida! Qual Tom Cruise no 'Horizonte Longínquo', aquela era a nossa oportunidade! Haveria uma Nicole Kidman para cada um!
Ou não...

Ferreira Borges... no início, era a Patricia... baixinha, concentradinha (não sei se reparam no... pois...), a Patrícia era o oposto de tudo o que conhecíamos até aí. Falava de coisas normais com o pessoal, ria-se das nossas piadas (e não de nós), era simpática. Andávamos todos atrás dela. Mas só por algum tempo, depois vimos o que a casa gastava (... mas isso também fica para outra oportunidade).

Depois apareceu a Bárbara. A Babá era o sonho inatingível. Tinha namorado, um gigante de 2 metros, conhecido como "Pirilampo". O Pirilampo tinha mota, umas mãos - curiosamente - do tamanho do meu pescoço, um terrível mau feitio, era mais velho, fazia biscates como segurança em discotecas e... tinha a Bárbara.
Nos primeiros tempos, a Bárbara não me ligava nenhuma.
Mas depois, no 12º ano, sei lá porquê, começou a ir à explicação de Matemática comigo.
Ao início, encontrávamo-nos em casa da explicadora e depois íamos embora separados.
Depois, começámos a ir embora juntos.
Depois, já combinávamos em minha casa, íamos daí juntos para lá, quando voltávamos eu levava-a até casa e depois regressava.
A seguir, ela vinha para minha casa, ficávamos lá "a estudar", íamos para a explicação, voltávamos para minha casa, eu levava-a depois a casa, ela depois esperava que o meu autocarro de regresso chegasse e pronto!
E no final... o Pirilampo levava-a e ía buscá-la. Vá-se lá saber porquê, né? Lembro-me de uma vez chegar à explicação ao mesmo tempo que eles dois. Os olhos raiados de sangue, furibundos, que espreitavam do capacete dele, impunham bastante respeito...
Mas a Babá lá acabou com ele. Para começar comigo. E eu... não fiz nada!! Porquê? Hmmm... respostas múltiplas:
a) porque sou burro
b) porque sou mesmo muito burro
c) porque sou tímido
d) porque não sabia o que fazer com ela
E assim andámos um tempo... a querer namorar um com o outro, mas sem o fazer...

Até que um dia...

Nuno encheu-se de coragem. Daquele dia não passava! Hoje é que ía ser!
Armado de sua coragem, o futuro farrapo-humano dirigiu-se a casa da sua Rapunzel.
Lá chegado, bateu à campaínha.
E quando a voz dela soou, respondeu o seu nome... "Nuno!"
E ouviu do outro lado um silêncio estranho, perturbador. Até que ela disse, "é melhor eu descer".
Esperou, impaciente.
Ela chegou.
E disse: "Olá... sabes... é uma má altura..."
E ele: "Ah... porquê?"
"É que... ele está cá..."

Pof.

E caíu tudo por terra. Foi duro. Muito duro. Virei costas, sem uma palavra e pirei-me. A primeira árvore que vi sentiu a fúria do meu punho (o que foi uma coisa muito estúpida, da qual ainda guardo a marca nos nós dos dedos).

Que eu saiba, ela nunca mais o largou.

E assim começou a saga do farrapo humano.





sábado, janeiro 01, 2000

Sobre o autor

Nuno nasceu no século passado, em 1975, em Lisboa. Nasceu de rabo (pobre mamã), naquilo que foi um prenúncio do que viria a ser a sua vida.
A sua infância como filho mais novo de 3 irmãos moldou-lhe o espírito e os contornos da face, à custa da porrada que levou do irmão do meio.
Cresceu em Linda-a-Velha, nos arredores de Lisboa, foi escuteiro, bom aluno e bom rapaz.

Nunca teve grande sucesso com as mulheres, embora tenha alguma fama em contrário, o que muito o irrita. Exigente e com mau-feitio, a sua atitude condenou ao fracasso a maior parte das relações onde se meteu.

Veterano da ortopedia, Nuno dispõe de 2 joelhos arruinados, vítimas de complicadas roturas do ligamento cruzado anterior.

Licenciado em Gestão pelo ISEG, após uma breve passagem pelos obscuros meandros da contabilidade, tornou-se consultor, sendo empregado de uma das muitas multinacionais dessa área com nome parecido com uma agência de viagens.

A obra que se segue visa contar as suas aventuras num projecto no Brasil, para onde se dirige em breve.

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